A atividade do CEC Portugal em 2012
A intervenção do CEC Portugal tem-se caraterizado por ser essencialmente um centro “consumidor” (ECC “Consumer”), ou seja, a maioria dos pedidos que recebe chegam de consumidores nacionais com problemas em relação a fornecedores de bens e serviços localizados noutros Estado-Membros. Contudo, nos últimos 5 anos, observa-se uma tendência para o aumento de casos em que o CEC Portugal tem que intervir como centro “fornecedor” (ECC Trader), quando são consumidores de outros países que reclamam de fornecedores e prestadores de serviços nacionais.
Seja qual for a condição da intervenção há um conjunto de setores de atividade económica que originam reclamações transfronteiriças junto do CEC Portugal, como é o caso do setor do transporte aéreo (passageiros e bagagem), do turismo (aluguer de automóvel, estabelecimentos hoteleiros e timeshare) e das atividades recreativas e culturais, onde se incluem, nomeadamente, os setores de equipamentos eletrónicos e informáticos, os livros, os bilhetes para espetáculos e eventos musicais e desportivos. Este último grupo de atividades tem um peso significativo no conjunto de casos relacionados com compras realizadas através da Internet. Anualmente, as compras em linha dão lugar a mais de 50% das reclamações recebidas pelo CEC Portugal.
Em 2012, o apoio prestado aos consumidores pelo CEC Portugal registou os números que se apresentam no quadro seguinte:
2012 | ||||
1º Sem | 2º Sem | TOTAL | % | |
Reclamações | 286 | 278 | 564 | 53% |
Pedidos de Informação | 240 | 264 | 504 | 47% |
TOTAL |
526 |
542 |
1068 |
Em 2012 continuaram a ser relevantes as reclamações decorrentes da aquisição de bens e serviços através da Internet (comércio eletrónico) e de serviços de transporte aéreo, registando-se um menor peso relativo de problemas com o transporte aéreo de bagagem em comparação com anos anteriores.
No quadro seguinte identificam-se os principais bens e serviços objeto de reclamações transfronteiriças em 2012, verificando-se que este conjunto foi responsável por quase 70 % das reclamações registadas:
Material fotográfico e informático | 9% |
Serviços recreativos e culturais | |
Equipamento de recreio e lazer (inclui jogos e artigos desporto) | |
Hotéis e outros estabelecimentos hoteleiros | 18% |
Timeshare e produtos similares | |
Peças, acessórios e reparação de veículos | 2% |
Transporte aéreo de passageiros | 30% |
Transporte aéreo de bagagem | |
Aluguer de automóveis | 6% |
Comunicações (equipamentos e serviços móveis) | 5% |
Em comparação com o ano de 2011, verificou-se que o setor das comunicações (equipamento e serviços móveis) ganhou relevância em 2012 e o setor dos hotéis, em particular, registou um maior número de casos em resultado de uma situação conjuntural que deu lugar, só por si, a quase 25% das reclamações do setor.
Do total de reclamações tratadas pelo CEC Portugal, 67% foram objeto de gestão partilhada entre centro “consumidor” e centro “fornecedor”, de modo a alcançar-se a respetiva resolução.
No que se refere à origem das reclamações recebidas pelo CEC Portugal em 2012, tendo em conta os países envolvidos, verificou-se que 77% chegaram de consumidores portugueses e 33% de outros países da União Europeia, da Noruega ou da Islândia. A análise destes números revelou coincidências nos países visados, embora com pesos relativos diferentes, como decorre das percentagens mais significativas, apresentadas no quadro seguinte:
Principais países envolvidos | Consumidores portugueses reclamam de fornecedores localizados em: | Fornecedores portugueses são visados por consumidores residentes em: |
Alemanha | 10% | 6% |
Bélgica | 5% | 7% |
Espanha | 33% | 22% |
França | 12% | 14% |
Irlanda | 5% | 5% |
Reino Unido | 24% | 14% |
2 . Atividades de divulgação, promoção e cooperação
Para além da atividade principal que consiste em prestar assistência aos consumidores na resolução de conflitos transfronteiriços, o CEC Portugal desenvolve também atividades de divulgação e promoção, coopera e participa em trabalhos e ações conjuntas da Rede e com entidades nacionais e comunitárias.
Em 2012, o CEC Portugal desenvolveu as seguintes ações:
- Celebração de protocolo de cooperação entre o INAC, I.P., a Direção-Geral do Consumidor e o Centro Europeu do Consumidor, visando aprofundar a colaboração já existente no âmbito dos direitos dos passageiros e concretizar orientação da Comissão Europeia no sentido de se intensificar a cooperação administrativa entre entidades e estruturas com competências para fazer aplicar a regulamentação comunitária relativa aos direitos dos consumidores e para prestar informação e assistência no exercício desses direitos;
- Edição de três brochuras destinadas à informação dos consumidores, de profissionais e de entidades que atuam nos respetivos domínios: “O processo europeu para ações de pequeno montante”, “Viajar na Europa” e “Como resolver os seus conflitos de consumo sem passar pelos tribunais” (todas disponíveis no sítio Internet: http://cec.consumidor.pt). A preparação destas brochuras contou também com a colaboração, respetivamente, do ponto de contacto nacional da Rede Judiciária Europeia em Matéria Civil e Comercial, da Direção-Geral do Consumidor e da Direção-Geral de Política da Justiça;
- Ação de divulgação dos direitos dos passageiros aéreos no dia 4 de Julho, promovida pela DG MOVE da Comissão Europeia e que em Portugal teve lugar no Terminal 2 do Aeroporto de Lisboa e contou também com a colaboração do INAC (Instituto Nacional da Aviação Civil);
- Colaboração em projetos conjuntos da Rede CEC que trataram de questões relacionadas com a resolução alternativa de litígios no domínio dos direitos dos passageiros aéreos (“ADR in the APR sector”) e do comércio eletrónico (“The European Online Marketplace - Consumir Complaints 2010-2011”), e divulgação nacional dos respetivos relatórios (todos disponíveis no sítio Internet do CEC Portugal: http://cec.consumidor.pt);
- Participação na conferência das partes interessadas sobre os direitos dos passageiros aéreos ("Stakeholder Conference no Air Passengers Rights"), promovida pelo Comité Económico e Social Europeu e que teve lugar em Bruxelas no dia 30 de maio de 2012;
- Participação na Semana do Mercado Único com organização a 18 de outubro do “Dia Portas Abertas”, durante o qual, nas instalações do CEC Portugal, foi disponibilizada informação em vídeo e brochuras sobre os direitos dos consumidores na União Europeia e realizado atendimento presencial dos consumidores que se interessaram pela oportunidade;
- Presença em dois eventos que proporcionaram também a divulgação da existência do CEC e do seu trabalho: na “Futurália (feira da educação) e no Dia da Europa (9 de maio), integrado na Semana do Empreendedorismo, que decorreu em Lisboa;
- Realização de uma visita de estudo ao CEC Espanha (Madrid) por duas técnicas, durante a qual apresentaram aos colegas da Rede CEC a legislação nacional sobre “Timeshare” que implementou a nova diretiva;
- Acolhimento da visita de colegas dos CEC da Lituânia e do Luxemburgo para troca de experiência e conhecimento da realidade nacional de implementação da arbitragem voluntária, tendo-lhes sido proporcionado o contacto direto com o Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa e com o CIMPAS-Centro de Informação, Mediação, Provedoria e Arbitragem de Seguros;